quarta-feira, 13 de maio de 2015

Clemente, Policarpo e Inácio refutam o argumento de Lucas Banzoli




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Durante minhas pesquisas acerca da imortalidade da alma e do acesso imediato dos salvos à Presença de Deus, tenho visto muitas citações vindas da patrística, só que as tais sempre aparecem fora dos seus devidos contextos quando são fornecidas pelos adeptos da doutrina do sono da alma ou do  aniquilacionismo temporário, que desde os primórdios da Igreja tem sido duramente combatida.


Essas distorções podem ser vistas após os amados leitores acessarem os seguintes links abaixo que contém estudos que tentam provar, ainda que sem sucesso, que a crença dos cristãos do século I, era a do ANIQUILACIONISMO:

Clicar nas imagens.




Para conferir os locais das imagens clique Aqui  Aqui


É interessante iniciarmos esta refutação informando aos amados leitores que, o falso ensino do aniquilacionismo-sono da alma, é antigo, e esteve presente também em uma seita da arábia conforme nos conta Eusébio de Cesaréia em sua obra (História Eclesiástica, p 142. 2002. Novo Século), pela qual ele diz que Orígenes, pai da igreja, refutou, livrando assim seus adeptos do engano. Essa estranha crença, foi adotada por Arnóbio (final do século IV), conforme nos conta Norman Geisler em sua obra (Teologia Sistemática. Vol 2. p. 805).

 Acerca da Crença Judaica sobre o sofrimento eterno, Norman Geisler apresenta o pensamento intertestamentário.  
 
 Na era entre o Antigo e o Novo Testamento, fontes religiosas judaicas faziam referência ao inferno.  O autor de 4 Macabeus  disse: 

 Por causa do cruel assassinato que cometestes irás sofrer eternamente nas mãos da justiça divina um  adequado  castigo pelo  fogo [...]  Por  tua impiedade  e  crueldade irás suportar  tormentos  até o  fim [...]  [em  um]  destino  eterno.  A justiça divina te entrega a um fogo eterno  e  rápido,  e  aos  tormentos  que  não  te  abandonarão  por  toda  eternidade.  Uma grande luta e um grande perigo para a alma aguardam em eterno tormento aqueles que  transgridem os mandamentos de Deus (9.9;  10.11,15;  12.12;  13.15)".

 Semelhantes às afirmações feitas por Cristo12, o historiador judeu Josefo (c. 37-100), escreveu um “Discurso aos Gregos a Respeito do Hades”. 

 Hades é um lugar do mundo que não foi regularmente terminado; é uma região subterrânea onde a luz desse mundo não brilha; por causa dessas circunstâncias, pois nesse lugar a luz não brilha, não se pode lá estar a não ser em perpétua escuridão. Essa região foi destinada para dar custódia às almas, das quais os anjos foram nomeados guardiões,  e  a  elas eles distribuem castigos temporários, apropriados às suas maneiras e ao seu comportamento. 

 Nessa região, existe um certo lugar separado, como se fosse um lago de  fogo perpétuo, onde supomos que ninguém tenha sido lançado até agora, mas que está preparado para um dia pré-determinado por Deus no qual um justo castigo será aplicado merecidamente a todos os homens [...] [Eles receberão] esse castigo eterno por terem dado causa à corrupção, enquanto  os  justos  irão  receber  um  reino  incorruptível  e  eterno.  Eles  estarão então confinados no Hades, mas não no mesmo lugar onde os injustos estarão confinados [...] [Deus permite]  um  castigo eterno  aos amantes de palavras iníquas.  A eles pertence esse fogo perpétuo e sem fim, um  certo bicho ardente que nunca morre  e  nem  destrói  o corpo, mas que continua a emergir desse corpo para que ele nunca cesse de lamentar. (Teologia Sistemática vol. 2 p. 752-753).         
Flávio Josefo, diga-se de passagem foi sacerdote, falando sobre os fariseus e os essênios evidencia a crença na imortalidade da alma. Vale salientar que o apóstolo Paulo era fariseu, e João Batista conforme a tradição viveu entre os essênios. Josefo relatou o seguinte:


“A maneira de viver dos fariseus não é fácil, nem cheia de delícias: é simples. Eles se apegam obstinadamente ao que se convencem que devem abraçar.[..] Eles julgam que as almas são imortais. [...] A opinião dos saduceus é que as almas morrem com o corpo [...]Os essênios [..] Crêm que as almas são imortais.” (História dos Hebreus. Livro Décimo Oitavo. Cap 2.p. 826-827).

O Aniquilacionismo foi tido como maldito:

 “Como confirmamos anteriormente o aniquilacionismo foi condenado como herege pelo Sínodo de Constantinopla, em 543, pelo Segundo Concilio de Constantinopla, em 553, e pelo Quinto Concilio de Latrão, em 1513 (veja Wenham,  GG, 28,  e  Cross,  ODCC,  328).” (Teologia Sistemática vol 2. P. 805).


"Em um exemplo, o último dos nove anátemas do Imperador Justiniano (c. 483-565) contra Orígenes (c. 185-c 254) diz: “Se alguém disser [...] que a punição dos demônios e dos ímpios é apenas temporária e um dia terá fim [...]  que seja anátema” (em Roberts e Donaldson, ANF, Vol 14). Antes da Reforma, o Quinto Concílio de Latrão (1513) também condenou a negação do inferno (veja Cross, ODCC, 328)." (GEISLER. Norman. Teologia Sistemática. Vol 2. p. 822. CPAD).
   Para ler os anátemas clique Aqui
  
     Bom, entre os mais citados pais da igreja estão, Inácio de Antioquia, Policarpo de Esmirna e Clemente de Roma, pois eles são bem vistos como homens de respeito dentro da patrística pelo fato dos tais terem conhecido os apóstolos de Jesus. Todavia, quando procurei ver se havia coerência no que está sendo apresentado pelos os que negam a doutrina bíblica da imortalidade da alma (Mt 10:28), tomei um susto ao perceber que os primeiros pais da igreja na verdade combatiam esta estranha doutrina à Bíblia, ao ensinarem que todo aquele que morre continua em sã consciência e não aniquilado temporariamente ou dormindo esperando Deus despertá-lo de um suposto cochilo, conforme ensina os atuais representantes desse ensino que são os Adventistas do Sétimo Dia, Testemunhas de Jeová e os simpatizantes destes. Abaixo estão as informações biográficas e as citações dos primeiros pais da igreja.


Clemente de Roma.  

Nascido em Roma no ano 35 nos arredores do Coliseu, de família hebraica, foi ordenado pelo apóstolo Pedro à líder da igreja de Roma conforme diz Tertuliano:

Porque é assim que as igrejas apostólicas transmitem suas listas: como a igreja de Esmirna, que sabe que Policarpo foi colocado lá por João, como a igreja de Roma, onde Clemente foi ordenado por Pedro. Assim, todas as outras igrejas que tiveram lhes mostram em que tem as raízes apostólicas, tendo recebido o episcopado pela mão dos apóstolos. (Prescrição contra os Hereges, 32, 1)1

Segundo Clemente de Alexandria e Orígenes, Clemente de Roma Foi sucessor de Anacleto I (ou Cleto) e autor da Epístola de Clemente aos Coríntios.

Irineu de Lyon corrobora com a informação anterior:  

Os bem-aventurados apóstolos que fundaram e edificaram a igreja [de Roma] transmitiram o governo episcopal a Lino', o Lino que Paulo lembra na carta a Timóteo (2Tm 4:21) . Lino teve como sucessor Anacleto. Depois dele, em terceiro lugar, depois dos apóstolos, coube o episcopado a Clemente, que vira os próprios apóstolos e estivera em relação com eles, que ainda guardava viva em seus ouvidos a pregação deles e diante dos olhos a tradição. (Irineu de Lyon, Contra as Heresias, Livro III, capítulo III, verso III, versículo acrescentado, grifo nosso).1

Eusébio de Cesaréia nos informa que Clemente andou com apóstolo Paulo:

“ Paulo também atesta que Clemente – instituído terceiro bispo da Igreja de Roma – foi seu colaborador e companheiro de luta. (Fp 4:3) (História Eclesiástica. p. 53).

Em sua epístola aos crentes de Corinto, Clemente os informa que os heróis espirituais, Pedro e Paulo, após sofrerem perseguições, apedrejamento, cárcere, partiram para o lugar de Glória ou Santuário, ou seja, para a Presença de Deus: 

Πέτρον ὃς διὰ ζῆλον ἄδικον οὐχ ἕνα οὐδὲ δύο ἀλλὰ πλείονας ὑπήνεγκεν πόνους καὶ οὕτω μαρτυρήσας ἐπορεύθη εἰς τὸν ὀφειλόμενον τόπον τῆς δόξης

διὰ ζῆλον καὶ ἔριν Παῦλος ὑπομονῆς βραβεῖον ὑπέδειξεν

ἑπτάκις δεσμὰ φορέσας φυγαδευθείς λιθασθείς κήρυξ γενόμενος ἔν τε τῇ ἀνατολῇ καὶ ἐν τῇ δύσει τὸ γενναῖον τῆς πίστεως αὐτοῦ κλέος ἔλαβεν

δικαιοσύνην διδάξας ὅλον τὸν κόσμον καὶ ἐπὶ τὸ τέρμα τῆς δύσεως ἐλθὼν καὶ μαρτυρήσας ἐπὶ τῶν ἡγουμένων οὥτως ἀπηλλάγη τοῦ κόσμου καὶ εἰς τὸν ἅγιον τόπον ἀνελήμφθη ὑπομονῆς γενόμενος μέγιστος ὑπογραμμός  (1Cl 5:4-7APF, grifo nosso) 2


J.N.D. KELLY, autor da obra "Patrística", que teve a imagem da capa de sua obra usada pelo autor aniquilacionista, veja  Aqui , cita este mesmo texto:




 “Clemente, por exemplo, fala que Pedro e Paulo partiram diretamente para “o lugar santo”, encontrando ali um grande grupo de mártires e santos “aperfeiçoados na caridade”. (Patrística. p. 352, grifo nosso).

Em (2Clem 17:7) é dito que os que negaram a Cristo por meio de obras e palavras, serão punidos com tormentos cruéis em um fogo inextinguível:

οἱ δὲ δίκαιοι εὐπραγήσαντες καὶ ὑπομείναντες τὰς βασάνους καὶ μισήσαντες τὰς ἡδυπαθείας τῆς ψυχῆς ὅταν θεάσωνται τοὺς ἀστοχήσαντας καὶ ἀρνησαμένους διὰ τῶν λόγων ἢ διὰ τῶν ἔργων τὸν Ἰησοῦν ὅπως κολάζονται δειναῖς βασάνοις πυρὶ ἀσβέστῳ ἔσονται δόξαν διδόντες τῷ θεῷ αὐτῶν λέγοντες ὅτι ἔσται ἐλπὶς τῷ δεδουλευκότι θεῷ ἐξ ὅλης καρδίας (2Cl 17:7 APF) 2


Policarpo de Esmirna.

Policarpo nasceu em uma família cristã da alta burguesia no ano 69, em Esmirna, Ásia Menor, atual Turquia. Segundo Irineu de Lyon, Policarpo foi discípulo do apóstolo João e teve a oportunidade de conhecer os apóstolos que ainda se encontravam vivos .3

Policarpo ao escrever aos crentes de Filipos, mostrou que concordava com Clemente, ao dizer que Paulo, Rufo Inácio e  Zózimo, já estão nos seus devidos lugares, isto é, junto ao Senhor:

Παρακαλῶ οὖν πάντας ὑμᾶς πειθαρχεῖν τῷ λόγῳ τῆς δικαιοσύνης καὶ ἀσκεῖν πᾶσαν ὑπομονήν ἣν καὶ εἴδατε κατ᾽ ὀφθαλμοὺς οὐ μόνον ἐν τοῖς μακαρίοις Ἰγνατίῳ καὶ Ζωσίμῳ καὶ Ῥούφῳ ἀλλὰ καὶ ἐν ἄλλοις τοῖς ἐξ ὑμῶν καὶ ἐν αὐτῷ Παύλῳ καὶ τοῖς λοιποῖς ἀποστόλοις
πεπεισμένους ὅτι οὗτοι πάντες οὐκ εἰς κενὸν ἔδραμον ἀλλ᾽ ἐν πίστει καὶ δικαιοσύνῃ καὶ ὅτι εἰς τὸν ὀφειλόμενον αὐτοῖς τόπον εἰσὶ παρὰ τῷ κυρίῳ ᾧ καὶ συνέπαθον οὐ γὰρ τὸν νῦν ἠγάπησαν αἰῶνα ἀλλὰ τὸν ὑπὲρ ἡμῶν ἀποθανόντα καὶ δι᾽ ἡμᾶς ὑπὸ τοῦ θεοῦ ἀναστάντα (Pol 9:1-2 APF)2

Eusébio de Cesaréia cita este mesmo texto pertencente a Policarpo:

 “ Exorto-vos pois todos a obedecer e exercitar toda a paciência, a que vistes com vossos olhos não somente nos bem-aventurados Inácio, Rufo e Zózimo, mas também em outros dos vossos, e no próprio Paulo e nos demais apóstolos, persuadidos que não correram em vão, mas na fé e na justiça, e que já estão no lugar que lhes é devido, junto ao Senhor, com a qual padeceram”. (História Eclesiástica. p. 72, grifo nosso).


Inácio de Antioquia.

Inácio foi amigo de Policarpo, conheceu o apóstolo João e foi bispo em Antioquia ao suceder o apóstolo Pedro conforme nos diz Eusébio de Cesaréia:

“Ao mesmo tempo adquiriram notoriedade Papias, bispo da igreja em Hierápolis, Inácio, o homem mais celebre para muitos ainda hoje, segundo a obter a sucessão de Pedro no episcopado de Antioquia.” (História Eclesiática. p. 71).

Inácio ao escrever aos crentes de Trales, mostrou que cria que após sua morte ele continuaria a se sacrificar pelos trálios:

“Meu espírito se sacrifica por vós, não somente agora, mas também quando eu chegar a Deus. Eu ainda estou exposto ao perigo, mas o Pai é fiel, em Jesus Cristo, para atender minha oração e a vossa. Que sejais encontrados nele sem reprovação.”

ἁγνίζεται ὑμῶν τὸ ἐμὸν πνεῦμα οὐ μόνον νῦν ἀλλὰ καὶ ὅταν θεοῦ ἐπιτύχω ἔτι γὰρ ὑπὸ κίνδυνόν εἰμι ἀλλὰ πιστὸς ὁ πατὴρ ἐν Ἰησοῦ Χριστῷ πληρῶσαί μου τὴν αἴτησιν καὶ ὑμῶν ἐν ᾧ εὑρεθείητε ἄμωμοι  (Itr 13:3 APF)2

Ora, como alguém que acreditava em uma sã consciência ao chegar à Presença de Deus poderia não crer na imortalidade da alma e não discordar duramente do sono da alma e do aniquilacionismo?
Vale ressaltar que Clemente, Policarpo e Inácio foram discípulos diretos dos apóstolos, e se eles defendiam o acesso direto e consciente a Deus, é porque foram instruídos dessa forma, pois esse é o ensino bíblico (Gn 5:24; 2Rs 2:1-11; Lc 23:43; Fp 1:21-23; Ap 6:9).




    Outras citações acerca da imortalidade da alma contidas na história da Igreja


                                                    Inácio (falecido c. 110 d. C.)

“Se aqueles que corrompem meras famílias humanas são condenados à morte, muito mais merecedores de um castigo eterno são aqueles que se dedicam a corromper a Igreja de Cristo, pela qual o Senhor Jesus, o Unigênito Filho de Deus, sofreu a cruz e se submeteu à morte! Qualquer um que, “engordando”, e se “tornando grosseiro”, desprezar a doutrina do Senhor, irá para o inferno “(EIP, 4).

                                                             Teófilo (c. 130-190)

“Admitindo, portanto, a prova de tais eventos que aconteceram como foi previsto, não tenho dúvidas, creio em Deus e o obedeço; e você também deve se submeter por fé, para não continuar como um incrédulo, e se convencer depois, quando estiver sendo atormentado pelos castigos eternos que foram previstos pelos profetas. Os poetas posteriores e os filósofos roubaram estas palavras das Escrituras sagradas para tornarem as suas doutrinas dignas de crédito” (TA, 1.14).

                                                      Policarpo (final do século II)

“Tu me ameaçaste com um fogo que queimou durante uma hora, e que pouco depois se extinguiu; mas ignoras o fogo do futuro juízo e do castigo eterno, reservado para os infiéis” (EECS, 11).

                                              Epístola a Diogneto (final do século II)         

A alma imortal habita em uma tenda mortal; os cristãos também habitam, como estrangeiros, em moradas que se corrompem, esperando a incorruptibilidade nos céus. Maltratada no comer e no beber, a alma se aprimora; também os cristãos, maltratados, se multiplicam mais a cada dia. Esta é a posição que Deus lhes determinou; e a eles não é lícito rejeitá-la”.2

                                                             Irineu (c. 125-c. 202)

“A separação de Deus consiste na perda de todos os benefícios que Ele reservou [...] Agora, as boas coisas são eternas e nunca terão fim perante Deus; portanto, a sua perda também é eterna e nunca termina” (AH, 4.39.4)

O corpo morre e é decomposto, mas não a alma, ou o espírito. Pois morrer é perder força vital, e tornar-se, consequentemente, sem fôlego, inanimado e sem movimentos, e decompor-se naqueles componentes dos quais também se originou a sua existência. Mas este evento não acontece com a alma, pois ela é o sopro da vida; nem com o espírito, pois o espírito é simples e não composto, de modo que não pode ser decomposto, e ele é a vida daqueles que o recebem (AH, 5.7.1).

Como o Senhor “se afastou no meio da sombra da morte”, onde estavam as almas dos mortos, e, contudo, posteriormente, Ele ressuscitou no corpo, e depois da ressurreição foi levado ao céu, fica claro que as almas dos seus discípulos também [...] entrarão no lugar invisível que lhes foi destinado por Deus, e ali permanecerão até a ressurreição, esperando por ela; então, recebendo os seus corpos, e ressuscitando em sua totalidade, isto é, de modo corpóreo, assim como o Senhor ressuscitou, eles assim irão à presença de Deus” (ibid., 5.31.2).

                                                      Tertuliano (c. 155-c. 225)

“O, vós, pagãos, que têm e merecem a nossa piedade, vede que colocamos perante vós a promessa que o nosso sistema sagrado está oferecendo. Ele garante vida àquele que o segue e obedece; por outro lado, ele ameaça com o castigo eterno e um fogo perpétuo aqueles que são profanos e hostis. A ressurreição dos mortos é igualmente pregada a ambas as classes (AN, 1.1.7).
Se, portanto, alguém supuser que a destruição da alma e da carne no inferno leve ao extermínio total das duas essências e não ao seu tratamento penal (como se devessem ser consumidas, e não castigadas), é preciso que esse alguém se lembre de que o fogo do inferno é eterno, e foi expressamente anunciado como um castigo perpétuo. E que ele então admita que é devido a essa circunstância que essa “morte” perpétua é mais formidável que um simples assassinato humano, que é apenas temporal” (ORF, 35).

                                                       Justino Mártir (c. 100-c. 165)

“Uma vez que a sensação continua para todos os que já viveram, e a punição eterna está armazenada (isto é, para os ímpios), tome cuidado para não negligenciar ser convencido, e agarre-se à sua fé de que estas coisas são verdadeiras (FA, 18).

Os ímpios, nos mesmos corpos, se unirão outra vez com seus espíritos que agora deverão enfrentar a eterna punição; e não somente, como disse Platão, por um período de mil anos (ibid., 8).

Isso [...] é o que esperamos e aprendemos de Cristo, e ensinamos. E Platão, da mesma maneira, costumava dizer que Rhadamanthus e Minos iriam castigar os iníquos que estivessem à sua frente; e nós dizemos que a mesma coisa será feita, mas através das mãos de Cristo e sobre os iníquos, no mesmo corpo unido novamente ao seu espírito que então sofrerá um castigo eterno; e não será somente, como disse Platão, por um período de mil anos (FAJ, 8).

Mas, como esta sensação permanece para todos aqueles que já viveram, e a punição eterna está reservada (para os iníquos), certifique-se de não deixar de se convencer por negligência, conservando, como sua crença, que essas coisas são verdadeiras (ibid., 18).

Da Apologia de Justino, podemos reunir uma substancial lista de versos que dão fundamento ao castigo eterno para os pecadores (citados em Froom, CFF, 1.819):

Sofrer um castigo eterno (op. cit., 8).
Ao eterno castigo do fogo (12).
Sofrer o castigo do fogo eterno (17).
O castigo eterno foi assegurado (18).
Haverá a consumação de todos [os pecadores] (20).
São castigados com o fogo eterno (21).
Causa o castigo eterno pelas chamas (45).
Castigados com o fogo eterno (SA J, 1).
No fogo eterno sofrerão seu justo castigo e punição (ibid., 8).
Os iníquos serão punidos no togo eterno (ibid.).”

                                                           Orígenes (c. 185-c. 254)

“O ensinamento apostólico é que a alma, tendo uma essência e vida própria, depois da sua partida deste mundo será recompensada, segundo o seu merecimento, sendo destinada a obter uma herança de vida eterna e bênção, se as suas ações o merecerem, ou será entregue ao fogo eterno e à punição, se a culpa de seus crimes for resumida a isto. E, além disto, haverá um tempo de ressurreição dos mortos, quando este corpo, que agora está semeado “em corrupção, ressuscitará em incorrupção”, e aquele que está semeado "em ignomínia, ressuscitará em glória” (DP, prefácio).

Eusébio de Cesaréia acrescenta o seguinte sobre Orígenes e o aniquilacionismo:

“Pela mesma época de que falamos surgiram novamente na Arábia outros introdutores de uma doutrina alheia à verdade, os quais diziam que a alma, enquanto durar o tempo presente, morre no transe derradeiro juntamente com os corpos e com eles se corrompe, mas que um dia reviverá novamente com eles no momento da ressurreição. Pois bem, também então reuniu-se um concílio de bom tamanho e novamente chamou-se a Orígenes, que teve alguns discursos em público sobre o assunto debatido, e de tal forma se conduziu que aqueles que primeiro haviam sido enganados mudaram sua opiniões”. (História Eclesiástica. p. 142).

                                             Epitáfio de Catacumba do Século III
    
“Alexandre não está morto, mas vive entre as estrelas, e o seu corpo descansa nesta sepultura” (citação em Schaff, CC, 7.86).

                                                         Metódio (c. 260-311)

“E a carne que morre; a alma é imortal. Assim, se a alma é imortal, e o corpo for o cadáver, aqueles que dizem que existe uma ressurreição, mas não na carne, negam qualquer ressurreição; porque não é o que permanece que fica em pé, mas o que caiu e está deitado que é estabelecido; de acordo com o que está escrito: “Aquele que cai não se levanta outra vez ? E aquele que se desvia não retorna?” (DR, 1.7).

                                                   Crisóstomo (347-407)

“[...] nem os corpos dos perdidos, que se tornarão imortais, nem suas almas experimentarão o fim de seus sofrimentos. Nem o tempo, nem a amizade, nem a esperança, nem a expectativa da morte, nem mesmo o ato de presenciar as outras almas infelizes partilhando de sua triste sorte aliviará seus sofrimentos.” (Patrística, p. 368). 

                                                            Agostinho (354-430)

“Se a alma vive num castigo eterno, pelo qual também todos os espíritos impuros serão atormentados, isso representa mais uma morte eterna do que uma vida eterna. Pois não existe morte maior ou pior do que quando ela nunca termina. Mas como a alma — que pela sua própria natureza foi criada imortal — não pode existir sem alguma forma de vida, sua morte derradeira será uma alienação da vida de Deus, em uma eternidade de punição (CG, 6.12).
Se ambos os destinos são “eternos”, devemos, então, entender a ambos ou como sendo permanentes, e que por fim irão terminar, ou que serão ambos perpétuos. Pois eles estão correlacionados; de um lado, o castigo eterno, e de outro, a vida eterna. E falar, num único e mesmo sentido, que a vida eterna será interminável, mas que o castigo eterno terá fim, representa um absurdo. Dessa forma, assim como a vida eterna dos anjos será perpétua, também o castigo eterno daqueles que foram condenados não terá fim” (ibid., 21.23)

                                                       João de Damasco (676-754)

“Novamente [Deus disse] a Moisés: Eu sou o Deus de Abraão, o Deus de Isaque e o Deus de Jacó: Deus não é Deus dos mortos (isto é, aqueles que estão mortos e já não existirão), mas dos vivos, cujas almas realmente vivem em sua mão, mas cujos corpos retornarão à vida por meio da ressurreição” (EEOF, 4.27).

                                                          Anselmo (1033-1109)

“Consequentemente, assim como a alma gentil irá se regozijar na eterna recompensa, da mesma maneira a alma desdenhosa irá se lamentar em um eterno castigo. E, assim com a primeira irá experimentar uma imutável suficiência, a última irá experimentar uma inconsolável indigência” (M, 71).

                                                     Tomás de Aquino (1225-1274)

“Foi para o bem da alma que ela foi unida a um corpo [...] No entanto, é possível que ela exista separadamente do corpo” (ST, 1.89.1).
Também devemos saber que a condição dos condenados será exatamente o contrário da condição dos. abençoados. Seu estado será de castigo eterno, o que denota uma quádrupla e terrível condição. O corpo dos condenados não será brilhante: “O seu rosto será rosto flamejante” [Is 13.8]. Da mesma maneira, eles serão passíveis porque nunca irão deteriorar e, embora queimem eternamente no fogo, nunca serão consumidos: “O seu verme nunca morrerá, nem o seu fogo se apagará”. (CISTA, 62).

                                                    Martinho Lutero (1483-1546)

“No intervalo [entre a morte e a ressurreição], a alma não dorme, mas está desperta e desfruta da visão de anjos e de Deus, e conversa com eles” (LW, 25.32).
A fornalha ardente é acesa simplesmente pela insuportável aparição de Deus e dura eternamente. Pois o Dia do Juízo Final não irá durar apenas um momento, mas irá permanecer através da eternidade e, portanto, nunca irá terminar. Constantemente os pecadores serão julgados, constantemente eles irão sofrer dor e constantemente haverá uma fornalha ardente, isto é, eles serão torturados por uma suprema aflição e angústia (WLS, 2.621).

                                                         João Calvino (1509-1564)

“Quão vil é o erro de converter um espírito, formado à imagem de Deus, em um sopro evanescente, que anima o corpo somente nesta vida moribunda, e reduzir o templo do Espírito Santo a nada. Em resumo, é algo vil roubar o distintivo da imortalidade daquela parte de nós mesmos na qual a divindade é mais brilhante, e as marcas da imortalidade são mais conspícuas, tornando a condição do corpo melhor e mais excelente do que a da alma (ICR, 3.25.6).

Se a alma não deve sobreviver sem o corpo, como ela poderia estar presente com o Senhor, estando separada do corpo? Mas um apóstolo remove toda a dúvida quando diz que nós chegamos “aos espíritos dos justos aperfeiçoados” (Hb 12.23) [...] E se a alma, quando desprovida do corpo, não retivesse a sua essência, e não fosse capaz de receber em si a glória que é uma grande bem-aventurança, o nosso Salvador não teria dito ao salteador: “Hoje estarás comigo no Paraíso” (Lc 23.43) (ibid.).

                                                          Jacó Armínio (1560-1609)

“A origem [da alma] [...] é a partir do nada, criada por infusão, e infundida por criação, com um corpo sendo devidamente preparado para recebê-la, a fim de que possa se moldar à forma da matéria, e, depois de unida ao corpo por um elo nativo, possa também, formar uma unidade com ele. [...]A substância [da alma] [...] é simples, imaterial e imortal. Simples, ao meu ver, não no que diz respeito a Deus; pois ela consiste de ato e poder (ou capacidade), de ser e essência, de sujeito e acidentes; mas é simples no que diz respeito a coisas materiais e componentes.
Ela é imaterial, porque pode subsistir por si mesma, e, ao se separar do corpo, pode operar por si própria. Ela é imortal, na verdade, não por si própria, mas pela graça sustentadora de Deus.” (W JA , 11.26.63)

                                              A Confissão de Fé de Westminster (1648)

“Os corpos dos homens, depois da morte, retornam ao pó, e veem corrupção: mas as suas almas, que não morrem, nem dormem, tendo uma subsistência imortal, retornam imediatamente ao Deus que lhes deu esta subsistência; as almas dos justos, sendo então aperfeiçoadas em santidade, são recebidas nos mais altos céus, onde contemplam o rosto de Deus em luz e glória, esperando a completa redenção de seus corpos. E as almas dos ímpios são lançadas no inferno, onde permanecem em tormento e completa escuridão, reservadas para o juízo do grande dia “(30.2.1).

                                                   Jonathan Edwards (1703-1758)

“As almas dos verdadeiros santos, quando eles deixam seus corpos na morte, partem para estar com Cristo [...] Elas não ficam reservadas em algum lugar diferente do mais alto céu; um lugar de descanso, onde estão guardadas até o dia do juízo, como imaginam alguns [...] mas vão diretamente ao céu propriamente dito” (“FSDO”, in: WJE, 3).


                                                          John Wesley (1703-1791)

“Considere algumas circunstâncias que irão acompanhar o julgamento de todos. A primeira é a execução da sentença pronunciada sobre os bons e os maus: “Estes irão partir para um castigo eterno, e os justos para a vida eterna”. Deve-se observar que a mesma palavra é usada tanto na primeira como na segunda oração: segue-se que o castigo dura para sempre, ou a recompensa também terá um fim. Não, jamais! A recompensa na eternidade só terminaria se o próprio Deus pudesse ter um fim, ou se a sua misericórdia e a sua verdade pudessem falhar. “Então, os justos resplandecerão como o sol, no Reino de seu Pai, e beberão eternamente da corrente das delícias que estão à mão direita de Deus” (WJW, 5.15.3.1).
Nesse ínterim, os ímpios serão lançados no inferno e todas as nações que se esquecem de Deus. Eles, “por castigo, padecerão eterna perdição, ante a face do Senhor e a glória do seu poder”. Eles serão “lançados no ardente lago de fogo e de enxofre”, originalmente “preparado para o diabo e seus anjos”; onde irão ranger os dentes com angústia e dor, eles amaldiçoarão ao seu Deus, olhando para cima. Lá os cães do inferno — o orgulho, a malícia, a vingança, a ira, o horror, o desespero — irão devorá-los continuamente. Lá “a fumaça do seu tormento sobe para todo o sempre; e não têm repouso, nem de dia nem de noite” (ibid.).

                                                   Charles Spurgeon (1834-1892)

“A luz da natureza é suficiente para nos dizer que a alma é imortal, de modo que o infiel que duvida é um tolo pior até mesmo do que um pagão, pois, antes que a revelação fosse feita, a tinha descoberto — existem alguns lampejos de sabedoria nos homens de entendimento que ensinam que a alma é algo tão maravilhoso que deve ser eterna” (SSC, 66).

Portanto, devemos ter cuidado com o que está sendo posto na internet, pois muitas vezes o que lá há, não condiz com a realidade contida nos documentos originais.

Primeiro a verdade, depois as nossas opiniões sobre ela.


                                                                                           Itard Víctor Camboim De Lima 
                                                                                            Artigo editado em 26/11/2016




1 Biblework9       http://pt.wikipedia.org/wiki/Papa_Clemente_I
2 As citações dos pais apostólicos foram tiradas dos originais gregos contidos no software exegético Biblieworks9
3 https://www.paulinas.org.br/diafeliz/?system=santo&id=37
Eusébio de Cesaréia. História Ecleciástica. 2002. Novo Século
(GEISLER, Norman. Teologia Sistemática. vol 2. pp, 32, 693-696, 769-779,805-806 ). CPAD.
KELLY, J.N.D. Patrística. 2009. Vida Nova.
JOSEFO, Flávio. História dos Hebreus. CPAD.

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