quinta-feira, 4 de março de 2021

“Aborto” é a melhor tradução?

 




                                                                              Επίστευσα, διὸ ἐλάλησα

                                                                                    Cri, por isso falei 

 

Analisando (Ex 21:22), percebo que a expressão ( וְיָצְאוּ ), não é bem traduzida quando optam por ( aborto ). Por quê? Porque a palavra יָצָא (sair, trazer para fora, dar à luz, conforme o Halot, Holladay, Strong) é empregada no contexto de vivência, por exemplo, (Jó 1.21; Gn 25.26). Nesse caso, a expressão hebraica tem o sentido de um (nascimento prematuro, mas sem o óbito do bebê). É por isso que a punição era apenas financeira. Se o texto tratasse do aborto, ao invés do pagamento de uma taxa, o criminoso pagaria com a vida, pois esta era a sentença caso ele assassinasse a mãe (verso 23). E, para corroborar minha suposição, cito os textos os quais mostram que o feto recebe as mesmas características de um nascido e, portanto, para Deus tem o mesmo valor, o que fortalece a presente ideia de que a pena para um aborto não seria apenas financeira. (Sl 139.16, 51.4; Jr 1.5; Gl 1.15; Lc 1.44).

Por Cristo,

Itard Víctor.

 


terça-feira, 2 de março de 2021

Diferença- Pelagianismo, Semipelagianismo e Arminianismo

 


                                                                                           Επίστευσα, διὸ ἐλάλησα

                                                                           Cri, por isso falei 



Diferença- Pelagianismo, Semipelagianismo e Arminianismo?

De forma resumida e objetiva temos as seguintes definições:

Pelagianismo: Ensino o qual conclui que o homem não foi afetado pela desobediência de Adão e Eva. Com base nisto, é entendido que, o ser humano, além de não ter pecado, e poder viver sem ele, é capaz de alcançar a salvação somente pelos seus esforços, ou seja, Deus não tem qualquer participação no ato salvífico. Pelágio, monge irlandês que viveu entre os séculos (IV-V d.C), foi o defensor do que veio a se chamar Pelagianismo.

Semipelagianismo: Ensino o qual conclui que o homem foi um pouco afetado pela desobediência de Adão e Eva, porém ele ainda é capaz de dar sozinho o primeiro passo em direção à salvação. Nesse sistema, Deus continua não sendo o Agente Primário da salvação. João Cassiano, monge francês que viveu entre os séculos (IV-V d.C), foi quem primeiro defendeu o sistema semipelagiano.

Arminianismo: Ensino o qual conclui que o homem foi totalmente afetado pela desobediência de Adão e Eva (Rm 3.23) e, por isto, entende que, sem a participação primária de Deus no processo salvífico, o homem jamais pode responder ao convite à salvação, embora tenha em si o livre-arbítrio para decidir sobre outras coisas. O pecador está caído. Jacó Armínio, pastor holandês que viveu entre os séculos (XVI-XVII d.C), comentou sobre o livre-arbítrio e o estado caído em que o homem se encontra:

O livre-arbítrio é incapaz de iniciar ou aperfeiçoar qualquer bem verdadeiro e espiritual, sem a graça. Para que eu não possa ser considerado, como Pelágio, como usando de mentiras com respeito à palavra “graça”, quero dizer, com isto, aquilo que é a graça de Cristo e que diz respeito à regeneração. [...] Confesso que a mente de um homem carnal e natural é obscura e sombria, que os seus afetos são corruptos e desordenados, que a sua vontade é obstinada e desobediente, e que o próprio homem está morto em pecados.[1]

Neste estado, o livre-arbítrio do homem para o que é bom não somente está ferido, aleijado, enfermo, distorcido e enfraquecido; ele também está aprisionado, destruído, e perdido. E os seus poderes não estão somente debilitados e são inúteis (a menos que seja assistido pela graça), mas está totalmente privado de poder, exceto aqueles poderes dados pela graça divina. Pois Cristo disse: ‘sem mim nada podeis fazer’.[2]

Em suma, no Arminianismo, Deus age antecipadamente no processo de salvação do pecador por meio da Graça Preveniente (Sl 59.10; Jo 6.44, 15.16). É esta Graça o que capacita, prepara ou liberta o livre arbítrio do homem à escolha da salvação.

Por Cristo,

Itard Víctor



[1] As Obras de Armínio. Vol 2. P. 406. CPAD, 2015.

[2] Op. Cit. Vol 1. p. 473.


Por que em (At 2:13) há o termo γλεύκους ?

 


                                                                                                               Επίστευσα, διὸ ἐλάλησα

                                                                                                                    Cri, por isso falei 

 

 

Bem, o termo γλεύκους significa um vinho doce, um vinho novo, um suco de uvas não fermentado, de acordo com o TDNT, EDNT, Liddel-Scott, Louw-Nida, Thayer, Friberg, Gingrich. Em Flávio Josefo, o termo γλεύκους foi aplicado após a narrativa da colheita e do espremer imediato de três cachos de uvas em um copo (Ant 2:64).

Por que então Lucas fez uso desse termo em um contexto o qual envolve um deboche, por parte dos descrentes presentes no Pentecostes, relacionado à embriaguez? Porque, γλεύκους, quando colocado num recipiente fechado fermentava. E isto parece concordar com o que estava na mente do tradutor da LXX quanto este trabalhou no texto de (Jó 32.19), haja vista haver a expressão, γλεύκους ζέων, isto é, suco ou vinho fermentado. Jó estava ansioso ou empolgado para se expressar, por isto estava a ponto de não aguentar mais conter as palavras.

 

Por cristo,

Itard Víctor