sábado, 6 de dezembro de 2014

Refutando o argumento de Arnaldo B. Christianini.





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Arnaldo B. Christianini, apologista adventista, em sua defesa quanto ao sábado de Cl 2:16, disse em seu livro "Subtilezas do Erro" que o sábado contido no texto aos colossenses não se trata do semanal, e ainda ousou se apoiar em duas "bengalas ou moletas" evangélicas, a saber, o metodista Adam Clarke e o presbiteriano Albert Barners. Vejamos o que o adventista escreveu:




ADAM CLARKE, erudito metodista, em seu autorizado comentário, assim interpreta Col. 2:16:
"Não há aqui indicação de que o sábado fosse abolido, ou que sua obrigação moral fosse superada polo estabelecimento do cristianismo.

Demonstrei em outra parte que 'Lembra-te do dia do sábado para o santificar' – é um mandamento de obrigação perpétua, e nunca pode ser superado senão pela finalização do tempo."

 ALBERT BARNES, profundo comentador presbiteriano, em sua obra Notes on the New Testament, comenta Col. 2:16, textualmente:
"Não há nenhuma evidência nessa passagem de que Paulo ensinasse que não havia mais obrigação de observar qualquer tempo sagrado, pois não há a mais leve razão para crer que ele quisesse ensinar que um dos  dez mandamentos havia cessado de ser obrigatório à humanidade. Se ele  tivesse escrito a palavra 'O sábado,' no singular, então, certamente estaria claro que ele quisesse ensinar que aquele mandamento (o quarto) cessou de ser obrigatório, e que o sábado não mais devia ser observado. Mas o  uso do termo no plural, e a sua conexão, mostram que o apóstolo tinha  em vista o grande número de dias que eram observados pelos hebreus  como festivais, como uma parte de sua lei cerimonial e típica, e não a lei  moral, ou dos mandamentos. Nenhuma parte da lei moral – nenhum dos  dez mandamentos – poderia ser referido como "sombra das coisas  futuras." Estes mandamentos são, pela natureza da lei moral, de  obrigação perpétua e universal."
Até parece um adventista que está falando... É forte a força da evidência. É esmagadora a força da verdade. Sim, estes sábados mencionadas em Col. 2:16, e que FORAM CRAVADOS NA CRUZ, não  se confundem com o sábado do sétimo dia, porque este é de obrigação perpétua.


“Podíamos aqui dar por encerrado este assunto, porém, como sempre há doutrinadores cavilosos que apelam para a filologia em torno da palavra "sábados" de Col. 2:16, mister se faz uma ligeira consideração neste particular. De início, a palavra grega empregada pode referir-se aos sábados semanais ou aos sábados anuais. Temos que apelar para o contexto a fim de sabermos a quais se refere. Em grego, "sábados" do texto em lide é sabbata, uma forma plural de sabbaton. Embora sabbata em muitas casos não representa um exato plural, pelo fato de derivar da  forma singular aramaica, par outro lado é de frequente sentido singular.” (CHRISTIANINI, Arnaldo B, Subtilezas do Erro. P, 137- 140).



 Quando lemos a afirmação do senhor Christianini, logo verificamos a sua falta de conhecimento do grego, pois no texto de Cl. 2:16 não consta o vocábulo sabbata, mas sabbaton. Vejamos em negrito:
Μὴ οὖν τις ὑμᾶς κρινέτω ἐν βρώσει καὶ ἐν πόσει ἢ ἐν μέρει ἑορτῆς ἢ νεομηνίας ἢ σαββάτων (Cl 2:16).


Há passagens no Novo Testamento onde aparece a expressão σαββάτων (sabbaton, plural genitivo neutro), referindo-se ao dia semanal como já mencionamos logo acima após citarmos uma errada interpretação adventista. Vejamos:

Καὶ ἦλθεν εἰς Ναζαρά, οὗ ἦν τεθραμμένος, καὶ εἰσῆλθεν κατὰ τὸ εἰωθὸς αὐτῷ ἐν τῇ ἡμέρᾳ τῶν σαββάτων εἰς τὴν συναγωγὴν καὶ ἀνέστη ἀναγνῶναι.

Indo para Nazaré, onde fora criado, entrou, num sábado, na sinagoga, segundo o seu costume, e levantou-se para ler. (Lc 4:16)

Αὐτοὶ δὲ διελθόντες ἀπὸ τῆς Πέργης παρεγένοντο εἰς Ἀντιόχειαν τὴν Πισιδίαν, καὶ [εἰσ]ελθόντες εἰς τὴν συναγωγὴν τῇ ἡμέρᾳ τῶν σαββάτων ἐκάθισαν.

Mas eles, atravessando de Perge para a Antioquia da Pisídia, indo num sábado à sinagoga, assentaram-se. (At 13:14).

Além dessa referência no Novo Testamento, há ainda respaldo ao examinarmos a versão grega do Antigo Testamento conhecida como Septuaginta ou LXX, que também usa o vocábulo no plural para se referir ao dia semanal, inclusive na passagem que narra a entrega do quarto mandamento:

μνήσθητι τὴν ἡμέραν τῶν σαββάτων ἁγιάζειν αὐτήν.  
Lembra-te do dia de sábado, para o santificar. (Ex 20:8).

ἐὰν ἀποστρέψῃς τὸν πόδα σου ἀπὸ τῶν σαββάτων τοῦ μὴ ποιεῖν τὰ θελήματά σου ἐν τῇ ἡμέρᾳ τῇ ἁγίᾳ καὶ καλέσεις τὰ σάββατα τρυφερά ἅγια τῷ θεῷ σου οὐκ ἀρεῖς τὸν πόδα σου ἐπ᾽ ἔργῳ οὐδὲ λαλήσεις λόγον ἐν ὀργῇ ἐκ τοῦ στόματός σου

Se desviares o pé de profanar o sábado e de cuidar dos teus próprios interesses no meu santo dia; se chamares ao sábado deleitoso e santo dia do SENHOR, digno de honra, e o honrares não seguindo os teus caminhos, não pretendendo fazer a tua própria vontade, nem falando palavras vãs, (Is 58:13).

O texto de Is 58:13 é um texto bem interessante, pois nele, são apresentadas duas formas no plural se referindo ao sábado semanal (σαββάτων e σάββατα), a segunda está no caso acusativo, e segundo A.T. Robertson σαββάτων deriva do hebraico t/tB;v' enquanto σάββατα deriva do aramaico at;B]v' e ambas as formas nesse texto estão se referindo ao sétimo dia. (A Grammar of the Greek New Testament in the Light of Historical Research, p, 95,105).  


Vale destacar que o apóstolo Paulo teve como base a LXX em uma boa parte dos seus escritos:
“A Septuaginta acabou se tornando a Bíblia dos cristãos, ou seja, os primeiros cristãos conheciam e usavam essa tradução grega do AT. Mais ou menos um terço das citações do AT nas cartas de Paulo parecem ter sido tiradas textualmente da Septuaginta. No mais, oitenta por cento das citações do AT no NT são tiradas da Septuaginta, e não do texto hebraico” (BÁEZ-CAMARGO, 1980, p.44).

" A importância dessa versão é enorme, pois além de ser um reflexo do judaísmo helenístico, também foi fonte de inspiração para os escritores do Novo Testamento, para os teólogos dos pais da Igreja e para as obras de Filon de Alexandria (25 a.C. menos 40 d.C) e de Flavio Josefo (c.37/38- 100)." (Manual da Bíblia Hebraica. p. 432.)" 

" Das 350 citações do Antigo Testamento feitos escritos neotestamentários, 300 são tiradas da LXX.  Durante os três primeiros séculos do cristianismo, a LXX tornou-se, por excelência, a Bíblia da Igreja Cristã. A além de interpretar determinadas palavras hebraicas, a antiga Bíblia grega também modificou os títulos hebraicos de alguns livros veterotestamentários, como os do Pentateuco." (Ibid 438).

É interessante também citar a tradução da Bíblia Judaica produzida pelo judeu messiânico e observador do sétimo dia, David H. Stern, que também entendeu que em Cl 2:16 se refere ao sábado semanal ao ter traduzido da seguinte forma:

“Por isso, não permitam que ninguém os julgue em relação ao que comem e bebem, ou com relação a um festival judaico, ao Rosh-Hodesh ou shabbat.” (Bíblia Judaica Completa, p. 1458).

“Lembra-te do dia, [do] shabbat, para separá-lo para Deus.” (ibid, p. 154).

Isto é, ele mesmo guardando o sábado, corrobora com o argumento aqui defendido, não por questões teológicas, mas porque é a tradução coerente. Além desses versículos ainda há (Ex 35:3; Dt 5:12; Nm 15:32, 28:9; Jr 17:22; Ez 46:1, 12; Mt 28:1; At 16:13).  

E para finalizamos temos ainda o historiador Flávio Josefo usando também a expressão no plural para se referir ao sétimo dia:

Ἀπηλλαγμένος δ᾽ ἤδη πολέμων ὁ Δαυίδης καὶ κινδύνων καὶ βαθείας ἀπολαύων τὸ λοιπὸν εἰρήνης ᾠδὰς εἰς τὸν θεὸν καὶ ὕμνους συνετάξατο μέτρου ποικίλου τοὺς μὲν γὰρ τριμέτρους τοὺς δὲ πενταμέτρους ἐποίησεν ὄργανά τε κατασκευάσας ἐδίδαξε πρὸς αὐτὰ τοὺς Ληουίτας ὑμνεῖν τὸν θεὸν κατά τε τὴν τῶν καλουμένων σαββάτων ἡμέραν καὶ κατὰ τὰς ἄλλας ἑορτάς (Ant 7:305 JOS)

 οἱ ἡμέτεροι πρόγονοι διά τινας αὐχμοὺς τῆς χώρας παρακολουθήσαντες ἀρχαίᾳ τινὶ δεισιδαιμονίᾳ ἔθος ἐποίησαν σέβειν τὴν παρὰ τοῖς Ἰουδαίοις λεγομένην σαββάτων ἡμέραν ἱδρυσάμενοι δὲ ἀνώνυμον ἐν τῷ Γαριζεὶν λεγομένῳ ὄρει ἱερὸν ἔθυον ἐπ᾽ αὐτοῦ τὰς καθηκούσας θυσίας (Ant 12:259 JOS)

 μὴ προσδεχομένων δὲ τοὺς λόγους ἀλλὰ τἀναντία φρονούντων συμβάλλουσιν αὐτοῖς εἰς μάχην σαββάτων ἡμέρᾳ καὶ ὡς εἶχον οὕτως ἐν τοῖς σπηλαίοις αὐτοὺς κατέφλεξαν οὐδὲ ἀμυνομένους ἀλλ᾽ οὐδὲ τὰς εἰσόδους ἐμφράξαντας τοῦ δὲ ἀμύνασθαι διὰ τὴν ἡμέραν ἀπέσχοντο μηδ᾽ ἐν κακοῖς παραβῆναι τὴν τοῦ σαββάτου τιμὴν θελήσαντες ἀργεῖν γὰρ ἡμῖν ἐν αὐτῇ νόμιμόν ἐστιν

 (Ant 12:274 JOS)

 Ὁ δὲ Βακχίδης γνοὺς τὸν Ἰωνάθην ἐν τοῖς ἕλεσι τοῦ Ἰορδάνου κατεστρατοπεδευμένον παραφυλάξας τὴν τῶν σαββάτων ἡμέραν ἐπ᾽ αὐτὸν ἧκεν ὡς οὐ μαχούμενον ἐκείνῃ διὰ τὸν νόμον (Ant 13:12 JOS)

Ἀλέξανδρος Θεοδώρου πρεσβευτὴς Ὑρκανοῦ τοῦ Ἀλεξάνδρου υἱοῦ ἀρχιερέως καὶ ἐθνάρχου τῶν Ἰουδαίων ἐνεφάνισέν μοι περὶ τοῦ μὴ δύνασθαι στρατεύεσθαι τοὺς πολίτας αὐτοῦ διὰ τὸ μήτε ὅπλα βαστάζειν δύνασθαι μήτε ὁδοιπορεῖν ἐν ταῖς ἡμέραις τῶν σαββάτων μήτε τροφῶν τῶν πατρίων καὶ συνήθων κατὰ τούτους εὐπορεῖν

 (Ant 14:226 JOS)

ὁ στρατηγὸς συνεχώρησεν δεδόχθαι τῷ δήμῳ τοῦ πράγματος Ῥωμαίοις ἀνήκοντος μηδένα κωλύεσθαι παρατηρεῖν τὴν τῶν σαββάτων ἡμέραν μηδὲ πράττεσθαι ἐπιτίμιον ἐπιτετράφθαι δ᾽ αὐτοῖς πάντα ποιεῖν κατὰ τοὺς ἰδίους αὐτῶν νόμους (Ant 14:264 JOS)

Μιθριδάτης δέ ἐτύγχανε γὰρ τῇδε ὤν ἐπειδὴ ἀκούει τῶν κωμῶν τὴν ἅλωσιν ἐν δεινῷ φέρων ὁπότε μὴ προάρξαντος ἀδικεῖν Ἀνιλαῖος ἄρξαιτο καὶ παρόντος τοῦ ἀξιώματος ὑπεριδών ἱππέας συναγαγὼν πλείστους ὅσους ἐδύνατο καὶ τῶν πλείστων τοὺς ἐν ἡλικίᾳ παρῆν ὡς προσμίξων τοῖς περὶ τὸν Ἀνιλαῖον καὶ ἔν τινι κώμῃ τῶν αὐτοῦ σχὼν ἡσύχαζεν ὡς τῇ ἐπιούσῃ μαχησόμενος διὰ τὸ εἶναι σαββάτων ἡμέραν τοῖς Ἰουδαίοις ἐν ἀργίᾳ διαγομένην

 (Ant 18:354 JOS)

Portanto, o fato do vocábulo grego estar no plural, não significa que o mesmo não esteja se referindo ao sétimo dia. Logo, o argumento que Christianini defendeu, isto é, que se Paulo quisesses se referir ao sábado semanal ele teria escrito no SINGULAR, é falso e anti-exegético. Portanto, o sábado citado por Paulo, é sim o semanal.

"Não ceda de forma alguma ao partido dos Samaritanos, ou aos Judaizantes: por Jesus Cristo de agora em diante foste resgatado. Mantenha-se afastado de toda observância de Sábados, sobre o que comer ou como se purificar. Mas abonime especialmente todas as assembleias dos perversos heréticos" (São Cirilo de Jerusalém. Carta 4, 37). 

Fonte: CHRISTIANINI, Arnaldo B. Subtilezas do Erro. 1ª edição. 1965. CPB.
STERN, David H. Bíblia Judaica Completa. 1ª edição.  2010. Vida.
FRANCISCO, Edson de Faria. Manual da Bíblia hebraica. 2011.Vida Nova.
Bibleworks9.

                                                                                          Itard Víctor Camboim De Lima. 06/12/2014.

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