“Um
pesquisador de importante reputação na área de seitas observou que elas são “as
contas não pagas da igreja”. A igreja tem fracassado em oferecer o devido
treinamento doutrinário a seus membros e falhado em termos de fazer uma
verdadeira diferença moral na vida de seus discípulos; não tem ido ao encontro
das mais profundas necessidades das pessoas, e não tem oferecido a elas o
sentimento de “fazer parte”, de pertencer. A falha da igreja é ampla e
profunda, e isso tem facilitado o florescimento de seitas. Porém, certamente o
crescimento das seitas pode também ser atribuído a muitos outros fatores.
Dentre outras razões, as seitas estão se multiplicando por causa do crescimento
do relativismo, do egocentrismo, do subjetivismo e misticismo. Além disso, a
rebelião moral e o colapso de famílias têm contribuído para o aumento do número
de seitas em todo o mundo. Considere o seguinte:
Fracasso doutrinário
---- Walter Martin disse certa vez que o aumento das seitas é “diretamente
proporcional à ênfase oscilante que a igreja cristã colocou no ensino da
doutrina bíblica para os cristãos leigos. De forma mais correta, alguns pastores,
professores e evangelistas defendem adequadamente suas crenças. Mas a maioria
deles ---- bem como a maioria dos cristãos leigos comuns --- teria dificuldade
de confrontar e refutar adeptos bem treinados de praticamente todos os tipos de
seitas (The rise of the cults, pág. 24). A falha da igreja no ensino da sã
doutrina leva as pessoas à aceitação de falsas doutrinas. Uma pessoa não é
capaz de reconhecer o errado a menos que primeiramente compreenda a verdade. Só
se pode reconhecer as imitações através da comparação com aquilo que é genuíno.
Aumento do relativismo
--- O crescimento do relativismo em nossa cultura também tem contribuído para o
crescimento das seitas. As afirmações do tipo: “Isso pode ser válido para você,
mas não para mim” e “ Tudo depende da situação” são atualmente quase
proverbiais. Essa praga do relativismo tem quase inundado a terra. Com a
mentalidade do “Faça o que achar melhor” tem vindo a síndrome do “Tenha a sua
própria religião”. A negação feita pelo humanismo secular em relação a toda a
soberania dada por Deus tem conduzido a um vácuo do tamanho de Deus em nossa
sociedade, e nesse vácuo o misticismo oriental tem se movido rapidamente.
Volta ao misticismo oriental
--- The turn east (A volta para o
Leste) como Harvey Cox, da Universidade de Harvard, intitulou seu livro, tem
sido tão natural quanto o fenomenal. A partir do momento em que a sociedade
americana rejeitou suas raízes judaico-cristãs, preferindo o humanismo secular,---
que não é capaz de satisfazer os desejos dos corações das pessoas---, a única
força significativa que restou foi o misticismo oriental. O Teísmo cristão
afirma que Deus criou tudo. O ateísmo
secularista declara que Deus não existe. Sendo ambas as afirmações tidas por
alguns como satisfatórias, nossa cultura tem se voltado agora às seitas
orientais que proclamam que Deus é tudo, e tudo é Deus. O
ato de voltar-se para o Oriente tem sido acompanhado de um retorno às coisas do
íntimo. As seitas místicas, salientando experiências subjetivas e sentimentos interiores,
têm crescido rapidamente no despertamento do misticismo. Passamos da condição
de cultura que explora o universo lá fora para uma de exploradores do universo
aqui mesmo--- dentro nós. O foco não está tanto no espaço externo como no
espaço interno. Isso, com certeza, é o que os místicos orientais sempre
ensinaram, e se adapta como luvas nas seitas da Nova Era.
Ênfase no próprio ego---
O crescimento do amor próprio em exagero tem também contribuído para a
proliferação das seitas. A mentalidade do “Faça o que achar melhor para você
mesmo” conduz naturalmente ao movimento “Inicie a sua própria seita”. Cumpre-
nos dizer que as seitas são a liberdade religiosa espalhadas como semente. A
filosofia humanista “Cada homem por si mesmo” é o fertilizante perfeito para o
crescimento de novas religiões que supram as necessidades sentidas pelos
indivíduos ao invés das reais necessidades deles.
Ênfase nos sentimentos---
Outro fator que conduz ao aumento das seitas é o crescimento do subjetivismo e
do existencialismo. Tendo por certo o aparentemente insaciável apetite por
religiões, a síndrome do “Se você se sente bem, faça-o” conduz naturalmente à
busca de religiões que faça a pessoas se sentir bem. Enquanto alguns ainda
buscam o atalho psicodélico para o nirvana através de drogas que ampliem o
pensamento, outros buscam uma experiência mística subjetiva que transcenda as
rotinas da vida cotidiana. Isso explica em grande parte o crescimento das
seitas da Nova Era, tais como meditação transcendental.
Rebelião Moral----
Sob todos os fatores sociais e psicológicos que dão ocasião ao crescimento das
seitas, está a depravação moral. A Bíblia deixa muito claro que o seres humanos
estão na condição de rebeldes diante de Deus (Rm 1.18). Uma das dimensões dessa
rebelião é moral. Pessoas se volta às religiões mais confortáveis quando o
estilo de vida que escolhem é contrário aos imperativos morais de um Deus incomparavelmente
superior e soberano. A perversão moral existente em várias seitas constitui-se
em amplo testemunho de depravação encontrada no mundo delas. Os seguidores do
líder hindu Rajneesh dedicaram-se a orgias no estado de Oregon. A seita Os
Meninos de Deus, de David Berg, é bem
conhecidas por suas perversões sexuais. Essa rebelião moral foi manifestada no
movimento antiinstitucional, antigovernamental e antifamiliar surgindo nos anos
60, e sua inércia tem levado tal movimento até os anos 90.
Colapso social das famílias---
Walter Martin disse certa vez: “Vemos uma geração sem o senso de história--- desligada
do passado, alienada do presente e que possui um conceito incompleto em relação
ao futuro. A geração de ‘agora’ é, na realidade, uma geração perdida” (The new cults, pág.28). Muitas seitas
tiraram proveito do colapso das famílias
em nossa sociedade, tornando-se famílias substitutas para a “geração perdida”.
Não é à toa que muitos adeptos de seitas dirigem-se a seus líderes com termos
com termos paternos ou maternos. Por exemplo, a profetisa da Nova Era,
Elizabeth Clare, que dirige a Igreja Universal e Triunfante, é carinhosamente
conhecida entre os seguidores como “Mamãe guru”. David “Moisés” Berg, fundador
da seita Os Meninos de Deus, era frequentemente chamado de “Pai David” pelos
adeptos da seita. Da mesma forma, o
reverendo Moon é chamado de “Pai Moon” por membros da Igreja da Unificação". (GEISLER,
Norman & RHODES, Ron. Resposta às Seitas. Um manual popular sobre as
interpretações equivocadas das seitas. 2ª edição 2001. CPAD. P. 18-22).
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