Geralmente entre os servos de Cristo, debates acalorados são
feitos por causa do crescimento dos que defendem que não é pecado a consagração
ou a ordenação de mulheres para o cargo de Pastor (a).
Bom,
os que são contra à ordenação feminina, normalmente exigem aos seus opositores
que eles lhes apresentem um só texto da Bíblia que mostre mulheres no colégio
apostólico. Mas, a mesma exigência não deveria ser feita aos que apoiam o envio
de mulheres para atuarem no campo missionário em formato integral? Pois, há pessoas e denominações que ignoram as pastoras, mas aceitam as
missionárias. Bem,
retornemos ao objetivo.
Os
que defendem que as mulheres podem também serem pastoras, apresentam como
fundamento personagens bíblicos que tiveram funções que normalmente eram executadas
pelo sexo masculino, como, por exemplo, Débora (juíza e profetisa - Jz 4:4), e
Febe (Rm 16:1), a quem atribuem à função de diaconisa pelo fato da palavra feminina
grega διάκονον (diákonon), que vem de διάκονος (diáconos - a mesma de onde
origina a usada aos homens 1Tm 3:12), estar ligada à sua função, isto é, à função de
serva, conforme traduz a Almeida Revista e Atualizada:
“Recomendo-vos a nossa irmã Febe, que está servindo à igreja de Cencréia,”. Grifo nosso.
Porém,
nesse artigo estaremos expondo uma explicação acerca do personagem bíblico
Junias ou Junia (Rm 16:7) que alguns pensam ter sido uma apóstola, o que
diverge logicamente dos que não veem na Bíblia o apostolado feminino. Vejamos o
que o estudioso da Crítica Textual, Roger Omanson diz :
"Ίουνίαν (Júnia) {A}
(1) O nome latino “Junia”
(Júnia), atribuído a mulheres, aparece
mais de 250 vezes em inscrições
gregas e latinas que foram encontradas em Roma (sem levar em conta outros lugares),
ao passo que o nome masculino “Júnias” não
foi encontrado uma única vez. (2) Quando, nos manuscritos gregos, se começou a
acentuar as palavras (pois no início eram escritas sem acentuação), os copistas
escreveram, Ιουνίαν (Júnia), ou seja, tomaram esse nome por nome de mulher. (3) Afirmar que, na Igreja antiga, mulheres
não eram consideradas apóstolas é uma hipótese que ainda necessita de
comprovação.
É preciso levar em conta que o grau de certeza
“A” se refere unicamente à grafia do nome, e não à forma como é acentuado. As
traduções modernas registram tanto “Júnias”
(ARA, RSV, NVI, TEB, FC, Seg)
quanto “Júnia” (ARC, NRSV,
NBJ, CNBB, REB, TEV 2a edição,
NTLH, BN). Convém notar ainda, que as formas de
masculino plural συγγενείς (parentes) e συναιχμαλώτους (companheiros de prisão),
que aparecem depois dos
nomes Ανδρόνικον e
"Ιοννιαν, podem se
referir a dois
homens, mas podem se referir também
a um homem e uma mulher.
Segundo
Fitzmyer (Romans, pp. 737-738), “muitos comentaristas antigos, que viveram
antes do século doze, entenderam que Iounian ou, então, Ioulian era a mulher de
Andrônico”.Dunn (Romans 9 — 16, p. 894) expressa
a opinião de muitos intérpretes modernos,
ao dizer: “a maneira mais natural de se ler esses dois nomes dentro desse texto é pensar que se
trata de marido e mulher” (assim,
também, Cranfield, The Epistle to
the Romans, Vol //, p. 788; e veja a extensa discussão desse assunto em Epp, Junia: The First Woman Apostle)."
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6 Em tempos recentes,
Michael H. Burer e Daniel
B. Wallace [“Was
Junia Really an
Apostle? A Reexamination of Rom 16.7”, New Testament
Studies 47 (Janeiro de 2001): 76-91 (aqui, p. 90)] defenderam a tese de que
as palavras επίσημοι έν
τοίς άποστόλοις “quase com
certeza significam ‘bem conhecidos
dos apóstolos”’, e não “bem conhecidos entre os apóstolos”. Se eles estiverem
com a razão, a pergunta se mulheres eram, ou não, designadas de apóstolas na
igreja antiga é irrelevante para a discussão do gênero do nome, lovvíav. so). Júlia era um nome de mulher bastante usado
entre os romanos. No entanto, esse nome pode
também ser visto como
o nome de um
homem, a saber, Júlias
o Juliano, bastando, para
tanto, que se coloque
um acento circunflexo
(Ιουλίαν) (veja a nota em REB).
Praticamente todos os intérpretes entendem que, neste caso, se trata de
um nome de mulher. É bem possível que
Júlia fosse a mulher de Filólogo
(Fitzmyer, Romans, p. 742).”
Fonte:
OMANSON, Roger L. Variantes Textuais do Novo Testamento. Trad. Vilson Scholz.
2010. P. 328. SBB.
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