Επίστευσα, διὸ ἐλάλησα
Cri, por isso falei
Qual localidade veio às mentes dos judeus ao ouvirem Jesus dizer que iria para um lugar no qual eles não poderiam ir, a ponto de pensarem que Cristo cometeria suicídio, na passagem de (Jo 8.22)?
Não é difícil elucidar esta pergunta se levarmos em conta que, para o judaísmo do séc I, cometer suicídio era ganhar uma passagem para o Hades. Isto é, para os judeus, em especial os fariseus os quais se consideravam hiper santos (Lc 18.8-14) só havia um lugar para o qual não poderiam ir senão via suicídio, o Hades.
O sacerdote, Flávio Josefo, procurando convencer os soldados judeus a se entregarem ao romanos, no afã de dissuadi-los do suicídio em massa programado por estes, disse o seguinte:
Agora,
o suicídio é um crime mais distante da natureza comum de todos os animais e um
exemplo de impiedade contra Deus, nosso Criado [...] Os corpos dos homens são
mortais, pois são feitos de uma matéria frágil e corruptível; mas nossas almas
são imortais e participam de algum modo da natureza de Deus. [...] E se alguém
quiser fazê-lo, poderá se iludir em ocultar aos olhos de Deus a ofensa que lhe
faz? Todos estão de acordo em que é justo castigar um escravo que foge de seu
senhor, embora esse senhor seja mau e nós julgaremos poder sem crime abandonar
a Deus que não somente é nosso senhor, mas um senhor soberanamente bom? Não
sabeis que Ele difunde suas bênçãos sobre a posteridade daqueles, que depois de
ter chamado para junto de si, entregaram em suas mãos, a vida, que, segundo as
leis da natureza, Ele lhes deu e que suas almas voam puras para o céu, para lá
viverem felizes e voltar, no correr dos séculos, a animar corpos que sejam
puros como elas e que, ao contrário, as almas dos ímpios, que por uma loucura
criminosa dão a morte a si mesmos são precipitadas nas trevas do Hades? E que
Deus, o Pai de todos os homens, vinga as ofensas dos pais nos filhos? Foi por
isso que o nosso sábio legislador, conhecendo o horror de tal crime, determinou
que os corpos dos que se matam, voluntariamente, fiquem sem sepultura até o
pôr-do-sol, embora seja permitido enterrar antes os que foram mortos na guerra.
Há nações que cortam as mãos dos assassinos que se mataram a si mesmos, porque
julgam justo separá-las de seus corpos, como estão separados seus corpos de
suas almas.[1]
Ademais, a crença daqueles judeus
também poderia estar baseada no “Não Matarás” ou no “Não Assassinarás” contido
na Torah ou Lei (Ex 20.13) entendendo o
suicídio como um auto homicídio que, uma vez praticado, deixaria o agente da
ação impossibilitado de se arrepender, obviamente por estar morto, sobrando-lhe
apenas a condenação eterna. Talvez por isto o judeu/espanhol, Rambam/Maimônides,
disse que o suicida é culpado de assassinato, será responsabilizado na Corte
Celestial e não terá participação no mundo vindouro.[2]
Itard Víctor
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