quarta-feira, 22 de julho de 2020

Onde estava Daniel quando os três jovens foram lançados na fornalha?




Segundo conta a história bíblica, Nabucodonosor ergueu uma estátua para que todos se encurvassem a ela. Todo aquele que não procedesse desta maneira seria severamente punido, e foi o que aconteceu com Hananias, Misael e Azarias. Pela própria Bíblia nós sabemos que Daniel não foi lançado na fornalha. E com base nesta afirmação somos levados a fazer ainda dois questionamentos antes de apresentarmos a resposta: o fato de Daniel não ter sido lançado na fornalha significa que ele não estava no dia em que a estátua foi consagrada? Ou, já que o profeta não foi para a fornalha, significa que ele se prostrou perante o ídolo?  

Resposta:

Bem, a Bíblia nos fornece algumas razões para que cheguemos à conclusão de que Daniel estava presente no dia da inauguração da estátua de Nabucodonosor. Vejamos:

Em primeiro lugar, devemos ter em mente que o simples fato de a Bíblia não dizer de forma ipsis litteris que Daniel estava ou não estava na consagração da imagem, não é o melhor argumento para negar sua presença no referido evento.  

Em segundo lugar, a informação contida em (Dn 2:48), diz que Daniel ocupou o cargo de governador de toda a província de Babilônia e de chefe supremo de todos os sábios de Babilônia. Dessa forma, Daniel teria que estar no dia da inauguração da estátua, pois todas as demais autoridades que haviam sido convocadas pelo rei, não só estavam no local, mas estavam diante da imensa imagem de acordo com (Dn 3:1-3).

Em terceiro lugar, o fato de Daniel estar no evento pagão não fazia com que ele fosse ordenado a se prostrar perante o ídolo. Com relação à última observação, é possível que você, amado leitor, esteja fazendo a seguinte indagação: se o rei havia prometido punir quem não se prostrasse perante a estátua (Dn 3:6), por que Daniel estaria isento desse momento? Acerca dessa questão, o Pastor Elias Soares traz um comentário que nos ajuda a entender que Daniel embora estivesse perante a estátua, não a adorou:   

Que ele não se curvou é possível afirmarmos pelo simples fato de conhecermos, biblicamente, a sua conduta e caráter como homem e profeta de Deus. [...] Quando ainda jovem rejeitou os manjares da mesa do rei porque sabia que eram alimentos consagrados às divindades babilônicas. Em outra ocasião, quando os 120 presidentes, através de um plano macabro, fizeram o rei aprovar um decreto para punir Daniel, homem de oração, com a pena de ser lançado na cova dos leões, ele preferiu ser lançado aos leões a deixar de orar três vezes ao dia ao seu Deus.  [...] Diferente de todos os demais governadores, Daniel era visto de maneira muito diferente por Nabucodonosor. Antes do episódio da consagração da imagem o rei teve um sonho o qual foi esquecido por ele. E, em todo o império, é importante lembrarmos de que Daniel foi o único que pode desvendar o sonho e o seu significado para o rei. Após haver interpretado o sonho e apresentar o significado do mesmo a Nabucodonosor este se curvou perante Daniel, o adorou e lhe ofereceu sacrifícios (Dn 2:46).[1]  

Isto é, Daniel era uma pessoa que tinha um testemunho de um verdadeiro servo de Deus. Com base em tudo o que foi exposto, podemos concluir que Daniel estava no local do culto pagão. E tudo ainda nos leva a pensar que Daniel tinha uma espécie de “imunidade parlamentar” dada por Nabucodonosor que o isentava de se prostrar perante o ídolo do império babilônico, haja vista o respeito que o rei tinha por ele.

________________________________

[1] Perguntas Difíceis de Responder. Vol 3. p. 263-267.


Nenhum comentário:

Postar um comentário