Segundo conta a história bíblica,
Nabucodonosor ergueu uma estátua para que todos se encurvassem a ela. Todo
aquele que não procedesse desta maneira seria severamente punido, e foi o que
aconteceu com Hananias, Misael e Azarias. Pela própria Bíblia nós sabemos que
Daniel não foi lançado na fornalha. E com base nesta afirmação somos levados a
fazer ainda dois questionamentos antes de apresentarmos a resposta: o fato de
Daniel não ter sido lançado na fornalha significa que ele não estava no dia em
que a estátua foi consagrada? Ou, já que o profeta não foi para a fornalha, significa
que ele se prostrou perante o ídolo?
Resposta:
Bem, a Bíblia nos fornece algumas razões
para que cheguemos à conclusão de que Daniel estava presente no dia da
inauguração da estátua de Nabucodonosor. Vejamos:
Em primeiro lugar, devemos ter em
mente que o simples fato de a Bíblia não dizer de forma ipsis litteris que Daniel estava ou não estava na consagração da
imagem, não é o melhor argumento para negar sua presença no referido evento.
Em segundo lugar, a informação
contida em (Dn 2:48), diz que Daniel ocupou o cargo
de governador de toda a província de Babilônia e de chefe supremo de todos os
sábios de Babilônia. Dessa forma, Daniel teria que estar no dia da inauguração
da estátua, pois todas as demais autoridades que haviam sido convocadas pelo
rei, não só estavam no local, mas estavam diante da imensa imagem de acordo com
(Dn 3:1-3).
Em terceiro lugar, o fato de
Daniel estar no evento pagão não fazia com que ele fosse ordenado a se prostrar
perante o ídolo. Com relação à última observação, é possível que você, amado
leitor, esteja fazendo a seguinte indagação: se o rei havia prometido punir
quem não se prostrasse perante a estátua (Dn 3:6), por que Daniel estaria isento
desse momento? Acerca dessa questão, o Pastor Elias Soares traz um comentário
que nos ajuda a entender que Daniel embora estivesse perante a estátua, não a
adorou:
Que ele não se curvou é possível afirmarmos
pelo simples fato de conhecermos, biblicamente, a sua conduta e caráter como
homem e profeta de Deus. [...] Quando ainda jovem rejeitou os manjares da mesa
do rei porque sabia que eram alimentos consagrados às divindades babilônicas.
Em outra ocasião, quando os 120 presidentes, através de um plano macabro,
fizeram o rei aprovar um decreto para punir Daniel, homem de oração, com a pena
de ser lançado na cova dos leões, ele preferiu ser lançado aos leões a deixar
de orar três vezes ao dia ao seu Deus.
[...] Diferente de todos os demais governadores, Daniel era visto de
maneira muito diferente por Nabucodonosor. Antes do episódio da consagração da
imagem o rei teve um sonho o qual foi esquecido por ele. E, em todo o império,
é importante lembrarmos de que Daniel foi o único que pode desvendar o sonho e
o seu significado para o rei. Após haver interpretado o sonho e apresentar o
significado do mesmo a Nabucodonosor este se curvou perante Daniel, o adorou e
lhe ofereceu sacrifícios (Dn 2:46).[1]
Isto é, Daniel era uma pessoa que tinha um testemunho de um verdadeiro servo de Deus. Com base em tudo o que foi exposto, podemos concluir que Daniel estava no local do culto pagão. E tudo ainda nos leva a pensar que Daniel tinha uma espécie de “imunidade parlamentar” dada por Nabucodonosor que o isentava de se prostrar perante o ídolo do império babilônico, haja vista o respeito que o rei tinha por ele.
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[1] Perguntas Difíceis de Responder. Vol 3. p. 263-267.
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