Επίστευσα, διὸ
ἐλάλησα
Cri, por isso
falei
Hoje, passeando pelo vasto “mundo da internet” encontramos uns
comentários os quais fizemos numa rede social há alguns anos a respeito do
Criador Jesus Cristo. Então, depois de lê-los, logo veio o desejo de
reproduzi-lo, uma vez que achamos ser produtivo para os que tem interesse em
saber a verdade sobre o que foi tratado.
Bem, após escrevermos que nem a Bíblia, nem os estudiosos sérios do
meio cristão, nem a literatura judaica ensinam que o Senhor Jesus Cristo ou o
Messias é o arcanjo Miguel, um certo personagem do mundo virtual (o qual não
citaremos o nome, já que ele insinuou, na época, que poderia nos processar
juridicamente) se direcionou a nós numa naquela rede, insinuando que não líamos
nada em relação à crença judaica sobre o arcanjo e sua suposta semelhança com o
Criador. Daí em diante, com ar de dominador do conhecimento e desprezo à nossa
pessoa, assim teclou:
Personagem:
“Gente
que não lê: é fogo. No judaismo de Qunrã, Miguel é chamado de Princípe da
Congregação e este prínciep da congregação é chamado de Messias, Raiz de Davi
em 4Q285 Fr.4,5. Além disto, em 2 Enoque 33, Miguel é chamado de Intercessor ou
mediador diante D-us, E no Testamento de Dan 6:1-5 e no testamnto de Abraão
1:4, Ele é chamado de mediador.
No
rolo da guerra, Miguel é mencionado como o Príncipe celestial em 1QM 17:7–8,
que cito aqui em aramaico, já que o Itard bem conhece o idioma:
להאיר בשמחה ברית ישראל שלום וברכה לגורל אל
להרים באלים משרת מיכאל וממשלת
Em
outras palavras, havia SIM dentro judaismo, grupos que identificavam Miguel com
o esperado Messias".
Contudo, fomos pesquisar para então termos a certeza de que o
personagem estava, de fato, reproduzindo o que dizia. Então, após um certo
irmão ter nos ajudado em alguns pontos, assim replicamos:
Nós:
As
obras que você mencionou não condiz com o que você pensa.
(1)
Quanto a 4Q285, Fr.4,5, tal texto encontra-se bastante fragmentado, sendo
bastante difícil e questionável a sua reconstrução. (Para uma discussão sobre a
dificuldade acerca da reconstrução e do significado de 4Q285, veja: HANNAH,
Darrell D. Michael and Christ: Michael Traditions and Angel Christology in
Early Christianity. Tübingen, Mohr Siebeck, 1999, p.66). Além disso, "no
Rolo da Guerra, o agente da libertação de Deus é o arcanjo Miguel, ao invés do
Messias". (Cf. COLLINS, John J. The Son of God Text From Qumran. In: BOER,
Martinus C. De. [Ed.]. From Jesus to John: Essays on Jesus and New Testament
Christology in Honour of Marinus de Jonge. Sheffield,
JSOT Press, 1993, p.79).
(2)
No que diz respeito a 2 Enoque 33:11, Testamento de Dan 6:1-5 e Testamento de
Abraão 1:4, o fato destes textos chamarem o arcanjo Miguel de "mediador
[de Deus]", não o qualifica ou o identifica necessariamente com o Messias.
Ele é "mediador" simplesmente no sentido de que realiza a vontade de
Deus entre os homens, apenas isso. Além do mais, deve-se acrescentar que no
Primeiro livro de Adão e Eva, 29:6,8; 31:5, Miguel é chamado claramente de
"anjo". No Livro da Ascensão de Isaías 3:16, Miguel é denominado
apenas "arcanjo". No Testamento de Abraão, Cap.1, Miguel é chamado
tanto de "arcanjo" quanto de "príncipe", demonstrando aqui
que este "príncipe" dos anjos era somente mais um "anjo".
Aliás, esta mesma lógica atravessa todo o restante do Testamento de Abraão. No
Livro de Enoque, 71:2, Miguel é chamado simplesmente de "o Anjo Miguel, um
dos arcanjos". E, por fim, no Apocalipse de Moisés, Miguel é chamado
novamente de "arcanjo". Inferir que Miguel seja mais do que um
arcanjo em todos estes textos é simplesmente ir além do que os textos dizem e
impor-lhes um significado que eles não pretendem transmitir.
(3)
Finalmente, no que se refere a 1QM 17:7-8, tal texto não identifica Miguel em
momento algum com o "Messias". Aliás, segundo o contexto imediato
(1QM17:6), Miguel é chamado apenas de "anjo majestoso". Além do mais,
há uma certa semelhança entre 1QM17:5-7 e Apocalipse 12:7-9, texto este que
narra a batalha entre "[o arcanjo] Miguel e os seus anjos (...) contra o
dragão" (Ap 12:7). Some-se a estes dados ainda o fato de 1QM9:14-16 (no
contexto anterior de 1QM 17:7-8) relacionar o anjo Miguel com outros anjos,
Sariel, Rafael e Gabriel. Portanto, não há absolutamente nada nestes contextos
que identifique claramente Miguel com o Messias.
Não satisfeito com nossa apresentação, o personagem revidou ao seu
estilo:
Personagem:
“Amigo,
vamos lá:
1)
Muito embora o texto do Sefer Ha- Milhama seja fragmentado, ahá elementos que
permitem reconstruir a leitura na qual Miguel é o Príncipe da congregação. A
linha 2 do fragmento 5, NÃO ESTÁ FRAGMENTADA quando se referen a raiz de Jessé.
Você deveria ter ido olhar no manuscrito. O מגזע ישי é o נשיא העדה. E este é o Priíncipe de
Israel, na linha 2 do fragmento 10. Este príncipe, de acordo com Daniel 12 é
Miguel. Logo, contrário a J.J. Collins, é segura a identificação da Raiz de
Davi no Sefer, como Miguel.
2)
Eu me recordo que o Novo Testamento afirma que HÁ APENAS UM MEDIADOR ENTRE D-US
E O HOMEM. Logo, seu primeiro argumento é o do desespero. E ser chamado de anjo
ou arcanjo não significa que Ele seja criado, uma vez que Malachim em hebraico
e Angelos em grego são termos funcionais, como uma olhadinha em qualquer
dicionário bíblico ajuda.
Tchau
Samechá!!”
Então,
novamente e pela última vez, trouxemos outra explicação:
Nós:
Mais
uma vez sua fala não te ajudou. Vejamos:
(1)
A referência à raiz de Jessé está clara nos fragmentos. Contudo, esta figura
messiânica chamada "príncipe da congregação" não é identificada com
"Miguel" em 4Q285. Aliás, Miguel nem mesmo é citado em 4Q285. Além
disso, 4Q285, no fragmento 5, linhas 1 e 2, cita (conforme a reconstrução do
texto) Isaías 10:34 e Isaías 11:1, textos estes claramente messiânicos, mas não
menciona em momento algum Daniel 12, não tendo, portanto, nenhuma ligação com
esse texto. Além do mais, cabe ressaltar que o mesmo Miguel que é chamado em
Daniel 12:1 de "o grande príncipe", foi chamado antes, em Daniel
10:13, de "UM DOS primeiros príncipes", tradução esta confirmada pelo
Tanakh publicado pela Jewish Publication Society (JPS), que traz:
"Michael, ONE OF THE chief princes" e também pela Bíblia Hebraica da
Sêfer, que diz: "Mihael, UM DOS mais destacados representantes
celestes". Portanto, identificar "Miguel" com "a raiz de
Davi" no Sêfer Ha-Milhama é algo estranho.
(2)
Sim, "há um só Deus e um só mediador entre Deus e os homens, Jesus Cristo,
HOMEM (ἄνθρωπος, e não ἄγγελος ou ἀρχαγγέλος)" (1 Timothy 2:5). Jesus é o
único mediador salvífico entre Deus e os homens (cf. 1 Tm 2:5; Hb 8:6; 9:15;
12:24). Aliás, "o Filho" (Jesus) (cf. Hebreus 1:1) foi "feito
tanto MAIS EXCELENTE DO QUE OS ANJOS, quanto herdou mais excelente nome do que
eles" (Hebreus 1:4). Além disso, "a qual dos anjos [Deus] disse
jamais: Assenta-te à minha destra, até que ponha os teus inimigos por escabelo
de teus pés?" (Hebreus 1:13). Deus disse isso a Miguel alguma vez? É claro
que não. Tais "anjos", diferentemente do "Jesus Cristo,
homem", são "ESPÍRITOS MINISTRADORES, enviados para servir a favor
daqueles que hão de herdar a salvação" (Hebreus 1:14). Diante desses
dados, confundir Jesus com um "anjo" é algo bastante herético.
Depois
daqui o personagem não nos rebateu mais. Antes, debochou e se foi.
Por Cristo, Itard Víctor
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