Mateus 28:19 e a Trindade
Desde a época da igreja primitiva até aos nossos dias, a
divindade do nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo tem sido questionada pelos
adeptos da doutrina unitarista ou ariana, doutrina essa que nega que Jesus seja
o Deus Filho, e que ensina que Ele, Jesus, foi criado para fazer a vontade do
pai uma vez que na Bíblia é notório o número de vezes em que Cristo chama Deus
de Pai.
Nesse artigo o intuito não é explicar porque o Jesus
chamava Deus de Pai, isso ficará para outra oportunidade. Todavia podemos
adiantar que Ele era 100% divino e 100% humano, e isso pode ser visto em
algumas passagens bíblicas como por exemplo, em Jo 14:6 onde Jesus diz que
ninguém “vem” ao Pai senão por Ele; observem que Ele não disse: Ninguém “vai”
ao Pai senão por Ele, mas disse “vem”.
Em Jo 3:13
podemos ver Sua Onipresença ao lermos Ele dizer que estava na terra e ao mesmo
tempo no céu. Às vezes Jesus falava como humano como em Mt 24:36 onde Ele diz
que não sabia o dia de sua volta, pois Ele sendo o Deus Filho logicamente
sabia.
No Novo Testamento, há um versículo que mostra de
forma mais clara a divindade e a distinção de Cristo com Deus. Esse verso tem
sido bombardeado pelos mísseis da heresia, que tem tentado de todas as formas
tirar profanar a verdade que já existia desde antes a fundação do mundo.
Refiro-me ao texto de Mt 28:19, a forma oficial do batismo cristão que é
acusada de ser um acréscimo da Igreja Católica Apostólica Romana (ICAR). Porém, através de uma rápida explicação gramatical,
cientifica e histórica, veremos mais uma vez a inerrância da palavra de Deus.
Explicação
gramatical:
Observem o texto de Mt. 28:19 em português e em
seguida forma que chamamos de original:
Portanto ide, fazei discípulos de todas as nações,
batizando-os em nome do Pai, e do Filho, e do Espírito Santo; (Mat 28:19).
πορευθέντες οὖν μαθητεύσατε πάντα τὰ ἔθνη, βαπτίζοντες
αὐτοὺς εἰς τὸ➜
ὄνομα➜ τοῦ
πατρὸς ➜καὶ τοῦ
υἱοῦ➜
καὶ
τοῦ ἁγίου πνεύματος, (Mt 28:19 BNT).
Tradução literal:
Indo pois discipulai todas as nações batizando a
eles em o nome do Pai e do Filho e do Santo Espírito. (Interlinear
Grego-Português, p. 127 SBB).
Acima destaquei o substantivo neutro na forma
singular (ὄνομα) o artigo singular (τοῦ) e por duas vezes a conjunção (καὶ).
Observem que o texto diz que o batismo é em o nome (ὄνομα-singular) do (τοῦ, artigo usado com nomes
indeclináveis) e o e (καὶ).
ὄνομα
e τοῦ
estão no singular mostrando que o batismo é em o nome do Pai, e não NOS NOMES
do Pai, pois isso seria um erro grave de concordância nominal, ou seja, Mateus
se referiu primeiramente ao Pai (Deus). Depois aparecem duas conjunções (καὶ) para fazer a distinção das três
pessoas da Trindade.
Ex: ➜ e do filho ➜ e do Santo Espírito.
Se não houvesse distinção entre as três pessoas, logo não deveria haver as
conjunções no texto, bastava apenas ter colocado assim:
Batizando-os em o nome do Pai Filho Espirito Santo,
porém não está.
É interessante entendermos o estilo de escrita da
época, estilo esse usado por Lucas quando ele cita o nome de duas pessoas
distintas, e que diferentemente de Mateus ele usa o substantivo (ὄνομα) duas vezes para fazer distinção
de ambas:
A uma virgem desposada com um homem, cujo nome era José, da casa de Davi; e o nome da virgem era Maria. (Lc 1:27)
πρὸς παρθένον ἐμνηστευμένην ἀνδρὶ ᾧ ὄνομα Ἰωσὴφ ἐξ οἴκου Δαυὶδ καὶ τὸ ὄνομα τῆς παρθένου Μαριάμ. (Lc
1:27 BNT).
Perceberam que agora foi mencionado (ὄνομα) por duas vezes por está tratando
de duas pessoas distintas?
A diferença que há entre Mt 28:19 e Lc 1:27 é
justamente por Mateus ter usado o substantivo (ὄνομα) somente uma vez para se referir a três pessoas distintas e
ao mesmo tempo sendo Uma.
Explicação
cientifica: Agora vejamos como os códices mais antigos
concordam quanto as suas construções gramaticais a cerca de Mateus 28:19.
Códice Sinaítico século IV
Códice Vaticano século IV
Códice Alexandrino século V
Códice
Washingtoniano séculoV
Códice Bezae século V
Críticos Textuais como Bruce Metzger e Roger L.
Omanson em sua obra (Variantes Textuais Do Novo Testamento, p. 54-55 SBB) nada
fala acerca dessas insignificantes variantes como a falta de um alfa, iota, tal
ou rô que em nada modifica a veracidade do texto, pois a Trindade é anterior a
variante.
Cremos que é importante expor o comentário do também
crítico textual que embora seja cético, concorda com essa verdade irrefragável.
“Não
é incomum escutar a noção que a frase tripartite em Mateus 28:19 é suspeita com
base na crítica textual, mas quando alguém consulta os próprios dados, tais
clamores são totalmente infundados. Todo manuscrito bíblico Grego existente que
contém este verso de Mateus possui a frase tripartite”. (Bart D.Ehrman- The Orthodox Corruption of
Scripture, Oxford,1993-).
Explicação
Histórica- Testemunho dos pais da igreja.
Vejamos o que declararam os que viveram na época
pós-ressurreição de Jesus:
A Didaquê que foi escrito antes da queda do templo
de Herodes pelo general Tito (70-150 d.C.) capítulo 7 diz:
“Quanto
ao batismo, batizareis na forma seguinte: tendo antecipadamente disposto todas
as coisas, batizai em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo, em água viva,
se não houver água viva batizai em outra água; se não puderdes em água fria,
batizai em água quente. Se não tiverdes nem uma nem outra, derramai água na
cabeça três vezes em o nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo.” (70-150
d.C.)
Clemente de Alexandria (Egito, 150-215 d.C.)
A Didaquê desfrutava de tal prestígio na
igreja cristã primitiva que Clemente a considerava uma autoridade apostólica e
a citava como “Escritura”.
Justino, o mártir (100-162 d.C.)
"um
só Deus, o Pai, o Filho e o Espírito Santo" em oposição ao politeísmo
pagão, e por isso foi martirizado exatamente em Roma que ainda era pagã.
Justino foi contemporâneo de Policarpo, discípulo do apóstolo João. Ele disse:
“Então
eles são trazidos por nós onde há água, e são regenerados da mesma maneira na
qual nós fomos regenerados. No nome de Deus, o Pai e Senhor do universo, e de
nosso Senhor Jesus Cristo, e do Espírito Santo, eles o recebem lavando com água
então.”
No capítulo LXV da mesma obra, é dito:
“Depois
de termos lavado desta maneira (batizado) aquele que se converteu e deu o
consentimento seu, o conduzimos aos irmãos reunidos para em comum oferecer
orações por nós mesmos. Ao terminar as orações, mutuamente nos saudamos com o
ósculo de paz e, logo, traz-se ao presidente o pão e um cálice de vinho com
água. Ele os recebe, oferecendo ao Pai de todas as coisas num tributo de
louvores e glorificações, em nome do Filho e do Espírito Santo, dando graças
por sermos considerados dignos de tamanhos favores de sua clemência”
Irineu, (125-202 d.C.), foi instruído em sua
juventude por Policarpo de Esmirna, discípulo do apóstolo João. Escreveu um
pequeno manual de doutrinas cristãs denominado Demonstração da Pregação
Apostólica. Em seu pequeno manual, no artigo terceiro, ele escreveu:
“Agora
a fé ocasiona isto para nós; como os Anciãos, os discípulos dos Apóstolos, nos
passaram. Em primeiro lugar é licito ter em mente que nós recebemos o batismo para
a remissão de pecados, no nome de Deus o Pai, e no nome de Jesus Cristo, o
Filho de Deus que foi encarnado e morreu e subiu novamente, e no Espírito Santo
de Deus.”
Tertuliano (150-212 d.C.) também indica a tríplice
fórmula batismal como utilizada para o exame dos candidatos ao batismo em seus
dias.
Assim, o cristão não deve achar que os argumentos
levantados pelos hereges haja qualquer resquício de verdade, pois tudo o que
eles fazem são na verdade malabarismos sectários com as Escrituras. Ora, como a
ICAR iria se preocupar em fazer um acréscimo textual uma vez que há centenas de
outros textos que provam a divindade de Jesus e porque não mexeria nos textos
que condenam a idolatria que é o pilar da sua denominação como por exemplo, os
textos de Ex 20: 4-5 ? Perceberam a falta de lógica nesse raciocínio sectário?
Amém!
Itard Víctor Camboim De Lima 12/02/2015
Muito bom!
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